quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


O PISO DO MAGISTÉRIO É LEI. VAMOS À LUTA EM 2011!


A FETAMCE vem acompanhando de perto a questão do reajuste do Piso Salarial Nacional do Magistério, principalmente para 2011 que tem sido objeto de debates no Congresso Nacional, no Governo Federal e pelo Movimento Sindical. A CONFETAM também tem participado ativamente de audiências públicas e mobilizado as Federações para a ampliação da defesa do referido Piso na campanha salarial de 2011.
O Piso do Magistério, que tem como parâmetro o índice de reajuste do valor aluno- FUNDEB definido na Lei 11.738 (Lei do Piso) e em conformidade com a Portaria Nº 1.459/10 de 30 de dezembro de 2010, publicada no DOU, dia 03/01/2011, seção 1, pagina 4/5 deve ser reajustado em 21.7%. O movimento sindical (CONFETAM e FETAMCE) compreende que o índice de reajuste é o mesmo percentual de reajuste do valor aluno FUNDEB em 2011, já que o texto da Lei 11.738 não foi alterado pelo Congresso Nacional.
Desta forma o valor do PISO para 2011 deve ser de R$ 1.597,87 compreendendo o valor do Piso em 2010 de R$ 1.312,85. Continuamos vigilantes e em luta. Iremos intensificar as mobilizações junto ao MEC e à Câmara dos Deputados para a aprovação do PL 3.776 e junto ao STF para julgamento do mérito da ADI 4.167, ação importante para tornar efetiva a valorização dos profissionais do magistério. Também vamos continuar indo às ruas mobilizando a sociedade e a grande mídia tornando a luta pela educação de qualidade como uma tarefa de todos nós.
Por outro lado estamos confiantes no Governo da Presidenta Dilma Roussef que em seu pronunciamento de posse fez referência enfática e decisiva sobre a educação de qualidade e o papel estratégico do professor nesta tarefa de tornar o Brasil verdadeiramente um país desenvolvido e próspero. Em entrevista recente, o Ministro da Educação Fernando Haddad, revelou que o Plano Nacional da Educação será prioridade do Governo Dilma. Destacou que há um foco acentuado no professor objetivando equalizar o salário com os outros profissionais de nível superior (hoje, a diferença é de 60% entre o salário do professor/a de nível superior e demais profissionais com o mesmo nível). Vamos ficar de olho! Vamos mobilizar!
Temos consciência que esta luta se estende aos Estados e Municípios para que as carreiras sejam estruturadas e o Piso, conforme a lei se torne realidade. Assim, A FETAMCE E SUAS ENTIDADES FILIADAS, BEM COMO O SINDICATO DOS SERVIDORES MUNICIPAIS DE IPUEIRAS, EM 2011, AMPLIARÃO AS NEGOCIAÇÕES E PRESSÕES PARA O SUCESSO DE MESAS DE NEGOCIAÇÃO SOBRE O PISO SALARIAL.

Fonte: Fetamce
Fundeb deve chegar a R$ 94,4 bilhões em 2011

O Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) deve ter uma receita, em 2011, de R$ 94,48 bilhões – um aumento de 13,7% em relação a 2010 (estimado em R$ 83,09 bilhões).

A estimativa consta da Portaria Interministerial nº 1.459, assinada pelos ministros da Educação e da Fazenda, publicada nesta segunda-feira, 3, no Diário Oficial da União.

Pela portaria, o valor mínimo anual por aluno previsto para 2011 é de R$ 1.722,05, contra R$ 1.414,85, em 2010.A contribuição dos estados, do Distrito Federal e dos municípios deve atingir R$ 86,68 bilhões. A complementação da União ao Fundeb corresponde a 10% desse montante, ou seja, R$ 8,66 bilhões.Deste total, R$ 7,80 bilhões serão repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a nove estados que não devem atingir o valor mínimo anual por aluno com sua própria arrecadação: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí.
Outros R$ 866 milhões estão reservados para complementar o pagamento do piso salarial de professores e financiar programas de melhoria da qualidade da educação.Destinação – Formado por vários impostos e transferências constitucionais, o Fundeb financia a educação básica pública. Pelo menos 60% dos recursos de cada estado, município e do Distrito Federal devem ser usados no pagamento da remuneração de profissionais do magistério em efetivo exercício, como professores, diretores e orientadores educacionais.
O restante serve para despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino, o que compreende uma série de ações: pagamento de outros profissionais ligados à educação, como auxiliares administrativos, secretários de escola, merendeiras etc.; formação continuada de professores; aquisição de equipamentos; construção de escolas; manutenção de instalações.
Vamos nós: Em Ipueiras a previsão de repasse do FUNDEB para 2011 será de R$ 18.761.282,59, um aumento de 14,08 % em relação a 2010. A diferença será de R$ 2. 315.585,03 em relação a 2010. Esperamos agora que nossa categoria do Magistério seja realmente valorizada com aumento salarial digno e um maior respeito com todos os profissionais da educação por parte da gestão municipal.
Fonte: FNDE

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Eis artigo do professor Uribam Xavier (UFC), publicado no O POVO desta segunda-feira e que merece boas reflexões. O título é instigante:

“Cid Gomes e os deputados biônicos”.

Os analistas políticos, quando se manifestaram sobre a reforma no secretariado anunciada pelo governo Cid Gomes, ressaltaram – além do estranhamento com a indicação de Antônio Carlos (PT), candidato derrotado nas urnas para ocupar a função de líder do governo – a habilidade dele na construção de uma engenharia política que aglutinou várias correntes políticas, criando condições de conforto para arrastar seu mandato sem os incômodos da presença de uma oposição política. No tipo de arranjo político criado por Cid fica implícito um princípio: a ideia de que a presença de oposição é boa para a democracia desde que não se tenha um democrata no poder.
O anúncio da reforma no secretariado, longe de seguir o critério da competência técnica, serviu para modelar uma imagem de Cid Gomes como um político talentoso, e um governo discreto que buscou, sem alarde, anular ao máximo as possibilidades do surgimento de forças desagregadoras, pelo menos no início de seu mandato, feito que Dilma, no plano nacional, não vem conseguindo com o PT e o PMDB. Todavia, o que não se diz ou não se percebe é que essa ação de Cid se faz reproduzindo uma ação politiqueira da velha tradição patrimonialista que está impregnada na cultura política dos nossos dirigentes políticos.

O que o suposto talento de Cid promoveu foi a eleição de deputados estaduais biônicos, ou seja, transformou em parlamentares parte daqueles que foram rejeitados nas urnas pelos eleitores. Assim, pela ação de Cid, danosa ao processo de representação política do nosso viciado e desgastado sistema eleitoral, os rejeitados nas urnas passaram a assumir cargo de representação. No mesmo processo, alguns que foram eleitos para representar traíram seus eleitores assumindo cargos no executivo.
Os eleitos para o legislativo estadual, num total desdém ao voto de seus eleitores, que passaram a comandar pastas no executivo, além de cometerem estelionato eleitoral, deixaram subentendido que suas verdadeiras intenções são a de usar o tráfico de influências, os favores políticos e os recursos materiais e simbólicos estatais em função da sua reprodução no poder ou para se manterem em torno dos poderosos.

Um bom exemplo, que vale a todos os envolvidos, é o caso do deputado Camilo Santana (PT), que deixou sem representação milhares de trabalhadores rurais que votaram nele em função do seu compromisso com a agricultura familiar e com a reforma agrária. Essas atitudes, tanto de Cid como dos referidos deputados, só comprovam que as eleições não passam de um simulacro.

No Ceará, alguns dos rejeitados pelas urnas e transformados por Cid Gomes em deputados biônicos vão assumir não um mandato democrático, mas um mandato autocrático, porque provém diretamente da vontade, da graça e do favor especial do governador. Neste gesto de apadrinhamento político, o que apraz ao governador tem força de lei maior que as vozes das urnas. Logo, uma reforma política se faz urgente para que práticas conservadoras que tornam o poder público suscetível de corrupção não possam ser compreendidas como talento político necessário a governabilidade.

Uribam Xavier – Professor do Departamento de Ciências Sociais da UFC.
Opinião: É notório destacarmos que nesta nova legislatura da Assembléia Legislativa- AL, nós ipueirenses não teremos representantes que defendam os interesses de nossa cidade e do povo necessitado. A exemplo de eleições passadas, novamente fomos enganados por deputados "Para quedas" que vem em nossa cidade, prometendo mundos e fundos e após eleitos cometem estelionato eleitoral, passam a comandar pastas no executivo, objetivando apenas vantagens próprias, quando não, legislam em prol de algum grupo político, liderados por cidadãos que se dizem representantes da sociedade ipueirense.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cid admite deixar governo em 2014 para Ciro disputar vaga ao Senado
Governador cearense renunciaria em abril e concorreria a mandato de deputado federal.

Por: Donizete Arruda

O governador Cid Gomes abriu o jogo em reunião com a cúpula nacional do PSB. Declarou que seu principal projeto político para futuro é eleger o irmão, Ciro Gomes, para o Senado Federal.
Para concretizar esse sonho, Cid renunciaria ao Governo do Ceará em abril de 2014, permitindo assim a candidatura de Ciro a senador.
A desincompatibilização de Cid Gomes do Governo do Ceará tornaria Ciro elegível para concorrer ao Senado. Todos os políticos cearenses acreditavam que esse lugar de senador estivesse reservado para o próprio Cid quando concluisse seu segundo mandato, mas o compromisso do atual governador do Ceará é com o projeto do seu mentor, o irmão Ciro Gomes. A Ciro estaria reservada a vaga de senador.

Hoje, o objetivo de Cid Gomes seria disputar uma vaga na Câmara Federal. Mas, não se pode descartar uma outra opção: Cid pode levar a vaga de vice-presidente na chapa à reeleição da presidente Dilma. Outra alternativa é dependendo do sucesso de Dilma no Planalto, o PSB ter candidatura própria em 2014.

É essa a razão da briga entre os governadores Cid Gomes e Eduardo Campos. O PSB é controlado por Campos que almeja ser vice de Dilma ou ele próprio disputar à presidência da República. Só que Eduardo Campos quer atropelar Cid, e já percebeu que o jogo é mais duro do que ele imaginava.

Surpreendendo a todos do PSB, o governador Cid Gomes criou enormes dificuldades para a indicação da mãe de Eduardo Campos, a deputada federal Ana Arraes, para a liderança do PSB na Câmara. Cid preferia o paulista Gabriel Chalita. Depois de muitas negociações, Ana Arraes será ungida, mas isso só se deu por causa do aval de Cid. Eduardo Campos teve que ceder muito para não ser derrotado.

No PSB, a escolha de Ana Arraes ocorreu porque Eduardo Campos e Cid Gomes avalizaram. Esse novo cenário de divisão de poder dentro dos socialistas brasileiros mostra toda a capacidade política do governador cearense. Hoje, o PSB não é mais um domínio exclusivo de Eduardo Campos. Cid já tem seu quinhão.
Fonte: cearaagora.com.br

sábado, 22 de janeiro de 2011

Falta um norte na política do Ceará.

Virgílio Távora foi um grande líder na política cearense. Os que o conheceram dizem que ele era um visionário. Sonhava um Ceará do futuro. Liderou o primeiro e o segundo governos planejados na História do Ceará – Plameg I e II. E fez. Instalou o Distrito Industrial, trouxe energia elétrica, construiu estradas e moradias populares. Enfim, inaugurou o desenvolvimento por estas bandas do Brasil. Havia uma determinação clara. Poder para fazer isso.

Mais recente Tasso Jereissati liderou um grupo político-empresarial que igualmente tinha um projeto para o Ceará. O tal “Governo das Mudanças”. Uma proposta neoliberal, centrada na força do capital, com algumas nuances sociais. Ficou no poder e conseguiu mostrar esta política de forma bem clara. Propunha um norte para o nosso Estado.

Pode-se divergir de Virgílio e Tasso. Que suas opções e estratégias eram equivocadas. Mas eles buscavam impor modelos e por eles se empenhavam. Daí a formação de blocos políticos hegemônicos que os apoiavam. Queriam o poder e sabiam o que fazer dele.

Agora, o Ceará está com outro comando que revela uma autoridade fechada. Tudo e todos devem estar a favor. Ai de quem divergir! Essa semana tivemos vários exemplos: conflito em relação ao meio ambiente, ao Acquario do Ceará e mesmo a escolha do presidente da Assembleia. Tudo é decidido por um grupo fechado, instalado no Palácio da Abolição. Tudo vem mastigado e o resto da tropa não pode chiar.

Mas quando a gente pergunta: e essa liderança quer fazer o quê no Ceará? Quais são os grandes projetos? Por que se mobiliza e se manifesta com tanta força e superioridade?

Após um mandato – quatro anos no poder – um analista mais atento não consegue ver as cores desse projeto. É um arco-íris. Move-se conforme as circunstâncias e o espetaculoso (vide episódio das Hilux para enfrentar os problemas de Segurança Pública. Ou um aquário milionário e um aeroporto internacional em Jericoacoara para impulsionar o turismo…).
Fantásticos e inúteis. A História se repete em farsa.
Antonio Mourão Cavalcante
Fonte: Blog do Eliomar

O que sucede no MEC? Haddad não tem uma resposta.


Deve haver, escondida nos porões do MEC, uma escola de sabotagens e traições. Não é possível que tantos assessores já nasçam com tamanho Know-how.

Nas pegadas da penúltima trapalhada de sua pasta, o ministro Fernando Haddad veio aos refletores. Tentou prover explicações.

Referiu-se assim à tortura cibernética imposta à rapaziada que foi aos computadores do ministério para se inscrever no Sisu:

"Na minha opinião, [o sistema] foi estabilizado tardiamente. Era para ter sido resolvido no máximo no domingo [16]...”

“...Está comprovado que não foi problema de internet, planejamento, estrutura nem aplicativo...”
“...Os equipamentos estão funcionando perfeitamente bem. No meio do ano, a estrutura também funcionou muito bem, mas não agora".

Ora, se não falhou a internet, se o planejamento foi perfeito, se a estrutura e o hardware operaram a contento, não resta senão a hipótese da perfídia.

O ministro da Educação precisa interditar urgentemente a escola de deslealdade que opera nos subterrâneos de sua pasta.

Haddad cancelou as férias que tiraria neste sábado (22). Caiu-lhe a ficha depois de uma conversa que teve com Dilma Rousseff sobre as encrencas de sua pasta.

Decerto Haddad irá agora à caça do sabotador. Um espelho pode ser de grande serventia na busca.
Fonte: Blog do Josias
Cafeína é cura eficaz para ressaca, diz pesquisa com rato!

LUIZ GUSTAVO CRISTINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nada de chazinhos milagrosos ou fórmulas mágicas. Para curar a ressaca típica de um dia após a farra, nada como uma boa xícara de café --ou talvez várias. Ao menos, é o que diz um estudo com ratos da Universidade Thomas Jefferson (Filadélfia, EUA).

A pesquisa, publicada na revista científica "PLoS One", testou nos roedores os efeitos de pequenas doses de etanol. Os tratados com cafeína três horas após a simulação da bebedeira não tiveram dor de cabeça.

Os cientistas resolveram identificar com clareza a substância causadora da ressaca, já que o etanol, no fígado, é convertido em uma substância chamada acetaldeído. Este, por sua vez, se transforma em acetato em outros tecidos do corpo, incluindo o cérebro.

Cada grupo de ratinhos ingeriu uma dessas substâncias, e, em alguns deles, inibidores que impediriam seu corpo de processar o etanol.

Entre quatro e seis horas depois disso, foram testadas as reações dos animais a estímulos dos pesquisadores, que aplicavam pequenas pressões em ambos os lados da cabeça de cada roedor.

Ratos que reagiam a esses estímulos --tocando a região com a pata, inclinando a cabeça ou grunhindo-- apresentavam hipersensibilidade, o que seria um indicador da dor de cabeça.
Os ratos que sentiram a dor foram justamente os tratados apenas com etanol -sem inibidor- e acetato. Mas, nesse grupo, além daqueles que receberamanti-inflamatórios uma hora depois de ficarem "bêbados", uma dose de cafeína também inibiu sintomas da ressaca.

Os testes não foram realizados em seres humanos, mas, no nosso caso, diz o estudo, a ingestão de café seria recomendada quatro horas depois de beber, momento em que o nível de acetato no corpo começa a subir.

É importante ressaltar, porém, que, pouco mais de uma hora depois --tempo necessário para o organismo dos ratos processar a cafeína--, os sintomas surgiram, o que significa que é preciso um pouco mais que um cafezinho no dia seguinte se você decidir extrapolar naquela festa do próximo fim de semana.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O PREÇO DE NÃO ESCUTAR A NATUREZA.


O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.
Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que distribuiram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.
A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.
Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.
No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais frequentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.
Por: Leonardo Boff
TEÓLOGO

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Caros amigos (as) Leitores (as), especialmente aos Jovens, mais um ano de muita luta inicia, lembremos as sábias palavras do inesquecível Bob Marley “As Vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas... O tempo passa... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!”
Neste 2011 tenhamos muita Paz, Saúde, Felicidade, Sabedoria, Ética, Juízo, Responsabilidade, Esperança...

E no começo de mais uma década, reflitamos!
A GERAÇÃO QUE DESISTIU

Por: Fausto Brignol

Palavra que eu acreditei que no século XXI nós teríamos uma geração forte, atuante, culta, inteligente, cobrando os seus direitos, não sendo enganada facilmente por qualquer aventureiro ou aventureira, partindo para a briga quando necessário, não se acomodando às armadilhas do sistema.Pelo que aconteceu nos anos 1960 e 1970, e parte dos ’80, tudo indicava que seria assim.
Naquela época as pessoas gostavam de ler, sabiam interpretar as situações, desejavam uma opção à máquina opressora que ainda está aí – mascarada, mas inteira – e procuravam alternativas. Reuniam-se, conversavam, panfletavam, iam para as ruas. Mostravam que estavam vivas.Havia uma necessidade urgente de se ler todos os livros – porque a literatura era excelente -, de se ouvir todos os discos – porque a música era muito boa – de se ir ao teatro – porque havia teatro de verdade – e de frequentar o cinema – que era novo e instigante no Brasil e maravilhoso na França e na Itália. E até o cinema dos Estados Unidos tinha um ou outro bang-bang que prestava.
O amor era misterioso e ainda muito romântico, e as pessoas amavam de verdade, não apenas faziam sexo. Era uma época em que tudo estava acontecendo ao mesmo tempo. Tinha até movimento feminista, mas não havia agressividade e competição entre sexos. E os homossexuais de ambos os sexos eram homossexuais de ambos os sexos, sem precisar alardear a sua opção sexual com passeatas. Viam-se pouquíssimos travestis e todas as pessoas de todos os sexos procuravam se ajudar emocionalmente, mesmo porque os nossos pais tinham tido uma educação sexual muito precária. Mas isso era perdoável.
Nós seríamos melhores, acreditávamos.Era época de ditadura militar e de censura prévia, mas muita música boa era feita na nossa MPB. Apareciam novos cantores e cantoras, compositores e compositoras. Alguns gostavam mais de Rita Lee, outros preferiam Baby Consuelo. Caetano e Gil estavam aparecendo e prometiam uma reconstrução musical no que chamavam de Tropicalismo. Roberto Carlos e a Jovem Guarda conservavam o romantismo, um novo romantismo. Os sambistas faziam bons sambas e até a música sertaneja era realmente sertaneja e não country.
Mesmo censurado, foi a época em que Chico Buarque mais criou. Época do surpreendente Milton Nascimento. E dos Secos e Molhados.Até o rock era progressivo e prometia mais. Depois dos Beatles e dos eternos Rolling Stones, pensávamos que a revolução musical, que refletia uma revolução cultural, não seria apenas rock, mas algo diferente.E foi. Surgiram as óperas-rock –The Who, Queen, Genesis – e o rock que ia além do rock com Led Zepellin, Fran Zappa, Pink Floyd e tantos outros. Épicas continuações da segunda fase dos Beatles, a fase lisérgica e mística.
E no cinema “Jesus Cristo Superstar”, “Hair” e “Godspel” abriam novos caminhos.O mote era “Viver mais um sonho impossível”. Quixotescos, lutávamos pela felicidade de Dulcinéia.Roupas. Cabelos. Gíria. Hábitos. E principalmente confiança - todos confiavam em todos.
E quando estudávamos, era de verdade. Nada nos era dado de presente. Não tínhamos celulares, mas nos comunicávamos facilmente. Para escrever, máquinas de datilografar ou caneta. Para fotografar, máquinas que teríamos que conhecer o seu funcionamento. O mais difícil era o mais interessante.Durante a ditadura, alguns enveredaram pela luta armada. Foram traídos pelas mentes fracas de alguns supostos companheiros. Foi quase um suicídio.
Mas lutaram acreditando que faziam o certo. As Forças Armadas se revelaram como entidade grotesca. Redesenharam-se com o que foi chamado de abertura política. Passaram o poder para as forças desarmadas, que tinham os mesmos objetivos, mas eram mais sorridentes e faziam mais discursos.Redesenhava-se, também, a juventude, que foi chamada para abraçar líderes desconhecidos e esquecer a sua proposta de alternativa ao Poder.Forjavam-se os políticos profissionais, que também eram jovens, mas eram somente políticos profissionais. Entreviam grandes possibilidades futuras. Mas precisavam apagar a chama da juventude, no Brasil, para poder usar o seu vigor na política. Preparava-se um novo tipo de mundo, onde não caberia um movimento underground.
O que o Poder mais teme não é a revolução política. Esta pode ser vencida, seus membros podem ser comprados ou, se vencerem, poderão ser encaminhados, aos poucos, para as velhas práticas que combateram.O que o Poder teme é a revolução cultural, que não pode ser prevista, evitada ou controlada; sacode alicerces, derruba templos e faz as suas próprias regras.A maneira encontrada foi colocar os jovens em partidos políticos, como se fossem compartimentos estanques. Alguns partidos, como o PT, eram divididos em tendências políticas. Havia lugar para todos.
O importante era que cada um se definisse politicamente – para que os dossiês fossem feitos mais facilmente, dentro e fora dos partidos, e as pessoas fossem mais facilmente controladas.Em troca do sonho da alternativa cultural que pretendia transformar a sociedade, colocava-se a alternativa política que perpetuaria a mesma corrupta sociedade.Pregava-se um aleatório sonho de liberdade. Mas sempre dentro dos padrões estabelecidos pelo Sistema.
Já nos anos ’80, percebia-se que aquela juventude que florescera nos ’70, ansiando por derrubar o deus Baal da mentira pertencia agora à sua religião, mas não sabia. A luta contra o Sistema, contra o Estabelishment, passara a ser uma luta meramente política, entre sistemas dentro do mesmo Sistema. Elis Regina cantava “eles venceram...” – e todos acreditaram.
Esperava-se que uma nova geração surgisse: os filhos dos que contestaram não só o regime político, mas a cultura da política como única alternativa social.E quando essa geração surgiu, o Sistema já estava organizado para comprar a sua força juvenil em troca de máquinas virtuais, sexo e drogas.Principalmente no Brasil, um país sem alma e distanciado em sua subcultura anos luz dos demais países latino-americanos – que tem orgulho de si mesmos, de sua história, de suas lutas e de suas tradições - a nova geração concordou em não raciocinar, em não protestar, em não sonhar.
Aceitou assimilar todos os valores que lhe fossem dados, tendo o dinheiro como referência principal e o lucro como objetivo de vida. E a escravidão espiritual.Aceitaram o medo como um sentimento natural.
Seus valores são monetários, seus desejos são físicos. Não ousam ousar: o Sistema é um grande Bicho-Papão que assusta muito esse pessoal. Concordam em tudo que os dominadores da televisão dizem.
E terão filhos iguais.Hoje, quando olhamos em volta, vemos apenas robôs apressados e ansiosos por cumprir a sua programação diária.
No entanto, às vezes, um entre milhares nos mostra algum brilho distinto na maneira de olhar.E ressurge alguma esperança de que alguém dentro dessa geração que desistiu de si mesma... Ou talvez seja o hábito de ter esperança.
Um belo 2011...